Sobre elas

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Ando sem vontade de escrever. Abro o editor, esboço palavras, desenvolvo algumas ideias, salvo e deixo quieto, como se pudesse maturar alguma coisa daqueles parágrafos iniciais. Tenho assim alguns inícios de textos, esperando um não sei o que, talvez aquele talento que nunca virá.

Dei conta de que cansei de escrever sobre coisas que trazem conforto (tem sim, lá nos primeiros textículos, acredite se quiser) ou que discordam de acontecimentos vigentes, principalmente daqueles que critico, talvez por isto, ou pela falta do tal talento, não me atrevi a escrever mais.

Hoje¹, no entanto, ao ver no noticiário mais uma vez, reportagem sobre a violência que as mulheres sofrem, senti que precisava complementar os textos que já escrevera antes sobre este universo tão gracioso e ao mesmo tempo tão vilipendiado. E aqui começa este textículo, que tinha inicialmente o título de “Nada”, por que nem sabia sobre o que iria escrever, agora passou a se chamar “Sobre elas”.

Mês passado, como de costume, comemorou-se o dia internacional da mulher. Apenas tuitei um link do Google, de uma homenagem bonita que a empresa fez para lembrar a data em sua passagem. Tempos atrás já havia escrito alguma coisa sobre o tema, um punhado de palavras, algo para que as mulheres pudessem sorrir por pelo menos alguns minutos; que lhes fizesse abstrair por instantes e de quebra dar-lhes ciência de que há homens que também se interessam e reconhecem o quanto são importantes em nossas vidas. Elas que merecem muito mais do que apenas palavras já que nos dão bem mais que seus sorrisos enternecedores. Caso a (o) amiga (o) não tenha lido e se por curiosidade ou falta do que fazer (brincadeirinha) desejar, basta clicar nos links a seguir: aqui, aqui e aqui.

Sobre o que escrevi, penso que era devido, mas ficou a sensação de que faltava um pouco mais e resolvi reparar este lapso.

Este texto é pouco diferente do que estou habituado a escrever, motivo pelo qual resolvi fazê-lo somente agora, dias depois da data comemorativa.

Mulheres ao longo da história sempre foram tratadas como minoria, como seres inferiores, incapazes; física e intelectualmente. Delas a sociedade machista lhes tirou muitas oportunidades e ainda tira. E isto foi tão bem urdido, tão bem tramado e é tão incutido na psique, que matriarcas ainda educam seus filhos para serem onipresentes no âmbito familiar e coíbem socialmente suas filhas ao prepara-las para servir, aquele que irá cercear a sua vida. Terrível contradição. Educam suas filhas para que mesmo na ausência daqueles a quem “devem” respeito – respeito este cultivado pelo medo e pela ignorância – temam por qualquer coisa que não esteja dentro das regras impostas por quem as regrará.

Desde sempre, de onde se tem registro até os dias atuais, as mulheres nunca deixaram de reivindicar por um lugar melhor na sociedade. Conquistaram tudo com muito trabalho, suor e sangue. Timidamente a princípio: do direito a opinar, passando pelo voto, pelo direito de trabalhar fora dos serviços domésticos, pela defesa de assédio em ambientes onde não lhes respeitam, pela desmesurada e absurda necessidade de ter que provar que são intelectualmente capazes de qualquer coisa, pela estupidez de conceitos imbecis que rotula vítimas de estupro como culpadas, da violência doméstica que ceifa suas vidas, mutila, dilacera sua essência, porque é assim que covardes as agridem, humilhando, física e psicologicamente como se fossem seus donos.

violencia contramulher

Posto isto vamos ao que interessa. A violência contra a mulher é inadmissível, cruel, desumana e deve ser extirpada da sociedade. Seria fácil se com apenas um canetaço isto fosse extinto, mas não é. Já existe a lei de número 11.340; conhecida como Lei Maria da Penha é um dispositivo legal brasileiro que visa a aumentar o rigor das punições das agressões contra as mulheres quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar, mas ainda está longe de ser solução.

A violência contra a mulher é vil, nociva e terrivelmente perigosa, mas geralmente é dissimulada não mostrando a sua verdadeira face. Vem enrustida no rosto daqueles a quem se ama e, quando menos se espera desperta, e o véu que lhe cobria subitamente cai, libertando o monstro que só se satisfaz com a dor que causa, podendo até extinguir uma vida. E se apresenta de várias formas e é executada de várias maneiras, sendo assim tudo o que se puder conceber em relação a isto deve ser condenado, punido com seriedade, respeito e rigor.

Com tanta violência perpetrada contra elas, é dever de todos aqueles que de alguma maneira se importam, denunciar, impedir, para que um dia isto possa ser definitivamente erradicado.

Nós como cidadãos, seres humanos que somos, temos a obrigação de alertar, coibir, proteger a integridade do semelhante e não apenas lembrarmos de que são mulheres quando nos convém, ou quando são merecedoras de homenagens uma vez ao ano, ou datas festivas pertinentes. Precisamos de campanhas, educar em escolas desde a mais tenra idade; repensar em atos e atitudes, para não somente tentar, mas efetivamente mudar a maneira como nós as tratamos, enquanto sociedade machista, imbecil, arbitraria e covarde.

Somos regidos pelas mesmas leis, direitos e obrigações, mas dispares ao tratamos a mulher de forma ostensiva, aproveitando de sua fragilidade, de seus preconceitos que as faz, inclusive, acreditarem que é normal ser subjugada a força, perpetrando assim toda espécie de violência, coibindo-lhes a liberdade e de querer ser.

Não é admissível o homem que espanca, como se fosse proprietário, como se pudesse e tivesse o poder de extirpar uma vida em nome da “honra”. Honra que não raro desaparece ao ser confrontado com alguém que pode fragiliza-lo. É o caso do covarde que agride, mas tem medo de apanhar; do estúpido que quer validar seu machismo enrustido num corpo mais frágil, baseado na sua educação distorcida e pobre de valores humanitários, oriunda de seus antepassados também covardes, violentos e imbecis. Trazem em sua bagagem a cultura do poder sobre o mais fraco, e que faz a força bruta sobrepujar o argumento, sem perceber o quanto são ignorantes.

Não podemos mais ser coniventes com isto. Não devemos mais tolerar o animal que se refestela sorrateiramente abusando de mulheres em transportes coletivos, forçando-as com suas taras primitivas a sofrerem caladas pelo medo e pela vergonha de serem expostas, e como se isto não bastasse ainda por cima são acusadas de vadias se ousarem pedir socorro, porque parte da sociedade acredita que mulher não pode se vestir de forma vulgar. Sociedade que sequer sabe soletrar vulgaridade e nem imagina o que isto significa.

Nunca fui ufanista, nunca serei, mas fiquei extremamente envergonhado em ser brasileiro e saber que sessenta e cinco² (65%) por cento de nossa população acredita que a mulher é responsável pela violência que sofre, já que a incita. Estes imbecis não lembram que em seu meio há mães, esposas, filhas, etc., que se não sofrem assédio incestuoso, sofrem com repugnantes iguais a eles. O que me deixou ainda mais pasmo, é que neste percentual há mulheres que pensam da mesma maneira, pois foram criadas para perpetuar esta cultura. Há que se tratar com rigor todo homem que abusa sexualmente de uma mulher, penas exemplares para que desestimulem qualquer um a praticar abuso sexual.

Há muito o se que mudar ainda, mas não devemos esperar por leis que são pouco efetivas, devemos demonstrar que não toleramos mais este tipo de criatura que violenta, denunciando. Educando nossos filhos para que eles mesmos não levem isto adiante. Aconselhando quem sofre de violência a denunciar e fazer entender que amar não é aceitar agressão como reciprocidade.

Enfim, mulheres merecem todo nosso carinho e respeito e sou da opinião que isto deveria ser lembrado todos os dias do ano, em cada momento importante de suas vidas, pois não há ser humano que possa ser mais altruísta, abnegada e incondicional que a mulher.

Respeitem-nas. Homem que ama não agride, não violenta, não mutila, não mata.

( ¹ ) Nota do autor (me): Hoje quando? Hoje, qualquer dia, não há dia sequer em que isto não ocorra!

( ² ) Nota do autor (me again): Houve uma correção neste índice, pouco mais que uma semana após sua publicação. Tenho cá minhas desconfianças, ainda assim é inadmissível que parte da população corrobore isto, mas é assunto para outra ocasião.

Há tantas, há muitas homenagens e não saberia eleger alguma que melhor as representasse. Enfim, AVA, enjoy!


EU NÃO VOU A COPA DE 2014, clicae.

… ia? – by me

Devia ter um texto alternativo para informar que aqui haveria uma foto, mas não me ocorre nada. Dá um F5.

Mais um dia,
Outragonia
cidade baixa,
vida vazia

Noite viria
Sem alegria
Ninguém me acha
Sem fantasia

Quem seria
Que me daria
Uma cachaça
E apagaria

Essa mania
Que poderia
Dessa desgraça
Morrer um dia

… você?


Feche os olhos e ouça até o fim.

Dose dupla, hoje estou bonzinho, AVA enjoy!

Se você acredita em 2013, clicae.

Mothers Day (o que vale é a extensão)

12/05 – 02:21 h, tinha  intenção de  escrever um  texto  sobre  o  dia das mães, mas já o fiz em anos anteriores, sendo assim não havia muito sentido escrever sobre o mesmo tema, a menos que escrevesse mal sobre elas.

Ok, brincadeira.

São três textos ao todo, dois foram escritos no antigo spaces (da Microsoft), o primeiro é esse aqui, e o segundo este outro. Quando migrei para o wordpress mantiveram a mesma formatação de quando foram escritos. Ocorreu-me então dar uma retocada neles. Já o terceiro foi escrito no wordpress e apenas coloquei um vídeo, ele poder ser lido aqui.

Mudei algumas palavras, dei-lhes um novo visual (nos dois primeiros) e de quebra enriqueci com uma músiquinha, tudo para felicitá-las neste próximo domingo de dia das mães. Espero que seja de seu agrado, pelo menos um.

Feliz dia das mães, mãe. AVA.

Inquietações – by me

Sinto um aperto no peito
Misto de sofrer, paixão
Antes fogo agora água
E nem sempre é calmaria.

Há tormentas, tempestades
Incertezas, solidão
A saudade, um desejo
O sabor daquele beijo
E que agora já não há
Que não é de ninguém…
De quem o será…

Um farol que incandescia
Hoje é vela, chama branda
Queimando o oxigênio
Extinguindo a própria luz
Numa noite
Vazia.
Num dia de sol.